quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O Espelho

Fico pensando... e é toda vez que entro no banheiro, aquele espelhinho dentro do box, com aquela borda alaranjada; hoje é de plástico, mas houve um tempo, muito tempo atrás que essa armação era de madeira... continua sendo o mesmo modelo que vi tantas vezes meu pai e tios usar, pra fazer a barba, em pé, ao relento, com o vento passando pela barriga reluzente. Usava-se um creme Bozanno jogado dentro da tampa de saboneteira, com a ajuda de uma espécie de bucha de pelos de algum bicho, era ensopar aquilo e passar na cara (quando acabava o bozanno, ia sabonete mesmo e, este se acabasse, ia sabão em barra; acho que depois era cuspe mesmo!). Depois vem a parte que hoje, usando barbeadores de última geração, com três lâminas flexíveis e os cambaus fico com medo... ele pegava uma gilete daquelas antigas, compradas à lâminas, enrolada num papel especial e , com a ajuda de uma lasca de madeira, aberta ao meio em uma das extremidades e preso nas pontas por linhas de costura... ali ficava a lâmina, reluzente! agora, era pegar o espelhinho, encher as bochechas de ar, e tentar fazer o menor estrago possível, esse era o objetivo, a barba feita saia como subproduto... e o espelhinho o mais próximo possível da cara; qualquer erro é "fatal", é sangue!... quem se habilita! vou falar aqui, já tentei usar isso, quando estive pelas bandas das roças de Piripiri... meu rosto ainda hoje tem cicatrizes! oxente!
E esse espelhinho no meu box me lembra isso - e tantas outras! quem não tivesse um espelhinho desses em casa naquela época, do rico ao pobre, era como não ser gente!

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