quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ponta cabeça

Meu filho, quando sobra tempo vive de ponta cabeça.

E após a morte?

Nada, absolutamente nada! Aqui já há uma incoerência, nada! Que é exatamente o Nada? Que abstração podemos ter do nada? Como compreender o nada? Afinal, o Nada existe?


A melhor definição de nada, é o meio. O meio é o Nada.


Trataremos de uma hipótese, que seria o Nada após a morte, não subestimando, de forma alguma, crenças e religiões às suas filosofias concernentes a morte e post mortem.
Excetuando algumas alucinações, alguém lembra de algo antes de ter nascido? Melhor, antes de uma ano de vida... lembra não? Nadinha? Bom... Nada, absolutamente nada. Impossível de compreensão, algo fora do nosso alcance mental, uma dimensão exagerada para os nossos parcos conceitos fisiológicos e filosóficos. Imaginar algo se acabando, fugindo pra sempre de nossas sensações,... ver, ouvir, sentir... a seção de algo; a gente não compreende. É um apagar, pra sempre. Acerca-se aqui o primo-irmão do Nada, o Sempre. Onipresente, ele, o Sempre; o Nada pra sempre.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Meter a Língua onde não é chamado

Joaquim Ferreira dos Santos

Azeite, não é meu parente! Nem todos entendem, mas a língua que se falava antigamente era tranchã, era não?

As palavras pareciam todas usar galocha, e eu me lembro como ficava cabreiro quando aquela tetéia da rua, sempre usando tank colegial, se aprochegava com a barra da anágua aparecendo, vendendo farinha, como se dizia. Só porque tinha me trocado pelo desgramado que charlava numa baratinha, ela sapecava expressões do tipo “conheceu, papudo?!”, “Ora, vá lamber sabão”, eu devolvia de chofre, com toda a agressividade da época, “deixa de trololó, sua sirigaita”.

Tanto quanto o telefone preto, a geladeira branca e o sebo para se passar no couro da bola número 5, essas palavras foram sendo consideradas como as garotas feias de então — buchos. Aconteceu com elas, as palavras, o mesmo que ao Zé Trindade — empacotaram, bateram as botas. Tomaram um cascudo, levaram sopapo, catiripapo, e chisparam do vocabulário. Uma pena.

A língua mexe, pra frente e pra trás, e assim como o bacana retornou guaribado para servir de elogio nos tempos modernos, pode ser que breve, na legenda de uma foto da Daniela Cicarelli, os jornais voltem a fazer como diante da Adalgisa Colombo outrora, e digam que ela tem it, que ela é linda, um chuchu. São coisas do arco da velha, vai entender?! Não é só o mistério da ossada da Dana de Teffé que nos une ao passado. Não saberemos nunca, também, quem matou o mequetrefe, a pinimba, o tomar tenência e o neca de pitibiribas, essas delícias vocabulares que enxotadas pelo bom gosto gramatical picaram a mula e foram dormitar, como ursos no inverno, numa página escondida do dicionário.

Outro dia eu disse para as minhas filhas que o telefone estava escangalhado. Morreram de rir com esse maiô Catalina que botei na frase. Nada escangalha mais, no máximo não funciona. Me acharam, sem usar tamanho e tão cansativo polissílabo, um completo mocorongo. Como sempre, estavam certas. Eu tenho visto mulheres de botox, homens que escondem a idade, tenho visto todas as formas de burlar a passagem do tempo, mas o que sai da boca tem data. Cuidado cinqüentões com o ato falho de pedir um ferro de engomar, achar tudo chinfrim, reclamar do galalau que senta na sua frente no cinema e a mania de dizer que a fila do banco está morrinha. Esse papo, por mais que você curta música techno e endívias, denuncia de que década você veio.

Acho legal que a Sonia Braga volte, curto às pamparras a Emilinha vendendo CD na praça. Mas por que não dar uma linguada no passado? Quer dizer, tenho a maior queda por um revival lingüístico. As mães costumavam passar sabão na língua do ranheta que falava palavrões. De vez em quando, todos sofremos essa limpeza e perdemos palavrinhas tão gostosas quanto aquele mingau de maizena com uma banana caramelada no meio. Será o Benedito?! Ninguém merece, tá ligado?

Eram palavrinhas catitas, todas do tempo em que as moças ficavam incomodadas mas não dormiam de touca. O borogodó, por exemplo, que andei saudando aqui semanas atrás como um mantra de felicidade solar por causa de seus redondos abertos e femininos, ganhou novo sopro de vida ao ser repetida em todos os capítulos de “Mulheres apaixonadas”. É a coqueluche semântica do momento. E, qual é o pó?! Por que não seria?! Se a bossa nova voltou, se a boca-de-sino também, por que não a moda da língua retrô? Manoel Carlos, que é meu chapa, poderia fazer o mesmo com songamonga. Cabe muito bem, seria batata na sonsa da Paloma Duarte. Ô mulherzinha pra gostar de um bafafá!

Essas palavrinhas das antigas, verdadeiros pitéus sonoros, podiam formar o MSL, Movimento das Sem-Língua, e exigir assentamento no papo do dia-a-dia ao lado de pamonhas, patas-chocas lamentáveis, como disponibilizar, fidelizar, maximizar e outras gaiatas que andam fazendo uma interface lambisgóia, totalmente lengalenga, na fala cotidiana. Ficaria um mix contemporâneo, como se diz. Uma língua bem exercida é metida, jamais galinha morta. É feita de avanços e recuos, e se isso parece reclame de algum programa do canal a cabo Sexy Hot, digamos que, sim, pode ser. Língua, seja qual for, é erótica. Dá prazer brincar com ela. Uma lambida no passado envernizaria novamente palavras que estavam lá, macambúzias e abandonadas, como quizumba, alaúza e jururu, expressões da pá virada como “na maciota”, “onde é que nós estamos!” e “ir para a cucuia”. Certamente, por mais cara de emplastro Sabiá que tenham, elas dariam na verdade uma viagrada numa língua que tem sido sacudida apenas pelo que é acessado do cibercafé e o demorô dos manos e das minas.

Meter a língua onde não é chamado pode ser divertido. Lembro de Oscarito passando a mão na barriga depois de botar pra dentro uma feijoada completa e dizer, todo preguiçoso e feliz, “tô com uma idiossincrasia!”. Estava com o bucho cheio, empanturrado de palavras gordas, compridas e nonsenses como um paio de porco. É o banquete que eu sugiro. Troque essa dieta de alface americana, de palavras transgênicas, que anda na moda, mas não vale um caracol. Se alguém, depois de receber todas essas palavras de lambuja, repetir a mamãe das antigas e, amuado, gritar “dobre a língua”, não se faça de rogado — estique.


Joaquim Ferreira dos Santos (1951), escritor e jornalista. Atualmente é cronista e colunista do jornal "O Globo". O texto acima, escrito durante a apresentação da novela "Mulheres apaixonadas", de Manoel Carlos, foi publicada no jornal "O Globo" de 08/09/2003, no 2o Caderno.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Kart Insano: somente para adultos

Olhem só como é o Mario Kart na vida real incrementado com o motor da Honda CBR 900RR motorcycle.


Eu achei um "pouquinho" perigoso, e vocês?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

As Lágrimas de POTIRA - POTIRA Essay

Há muito tempo, vivia à beira de um rio uma tribo de índios.
Itajibá e Potira, um casal muito feliz, vivia muito tranquilo quando
aconteceu uma guerra contra uma tribo vizinha.
Itajibá era um guerreiro muito forte e Potira era uma índia jovem e
formosa. Por causa da guerra, Itajibá teve que partir e, com muita tristeza
despediu-se de Potira. Na hora do adeus, Potira não chorou, mas
seguiu com os olhos cheios de tristeza a canoa que levou seu amor para
a guerra.
Todas as tardes, Potira ia até a margem do rio para esperar a volta
de Itajibá. Seu coração estava sangrando de saudade, mas a índia permanecia
calma e confiante na volta de seu amado.
Um dia, Potira recebeu a notícia da morte de Itajibá. Ele morreu
como um herói lutando contra o inimigo. Nesse dia a índia perdeu a
calma e começou a chorar. Potira passou o resto de sua vida na beira
do rio, chorando sem cessar. Suas lágrimas então, misturaram-se com
as areias brancas do rio.
Tupã, o deus dos deuses, impressionou-se muito com a tristeza da
índia, e transformou suas lágrimas em diamantes. É por isso que encontramos
os diamantes entre os cascalhos dos rios e dos regatos. O brilho
e a pureza dos diamantes lembram as lágrimas de saudade da triste

índia.

-- Agora em Tupi

Acoérame, amo abatyba pararembeype oicobé.
Itajibá Potira bé, jojabé orybeté, angatú oicó. Nhem, amyioca xupé
marana abatyba oanga.
Itajibá guaryni pyatã baé Potira cunhãmussu porangeté.
Marãressé, Itajibá ossó tekoteben. Torybeymeté Potira suí oneim.
Eré! Éreme, Potira ndoessayruã, nhem, essá rorybeymeté pupé
oimaenpitá ygara oiarassó omiaussuba maranape.
Opaim carucá ramé, Itajibá jebyra to iarõ, Potira parárembeyba coty ossó.
Sanga epiacaúba ressé tuguissema o icóbo. Nde, ebocuei cunhã
ojerobiarybo omiaussuba jebyra oié byter aribé.
Osenduba Potira reõressé Ijajibá moranduba, amóara. I marã omonhãbo sumarã xupé, naurúnamo o manõ. Oicaimaribé cunhã, có ara, oessaypy bé.
Potira omanõme coty pará rembeybape, essaybo pycaeyme opita.
Sessay, saéramo, ojemonan pará ybykuí tim namo.
Tupã, jararyara, ebocuei cunhã oribeyma ressé jemoangassieté. É
teé, sessay pupé oimoitáatãberaba. Aipóramo, assé oiuassémo itáatã
beraba pará yecoababé curú pupe Itáatãberaba endy petyngabé

oimomaenduara epiacaúba ressé oribeyma cunhã ressay.

-- só rindo...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A Mosca

... Mosca. Que sei eu de moscas?
A única coisa que lembro de mosca, foi o Ricardo que me contou sobre uma mosca verde, bem grandona, varejeira, voava-lhe a cabeça, ameaçadoramente; na certa deve ter sentido um certo cheiro - Ricardo não é muito chegado aos sabonetes, muito menos aos shampoos -, e buscava esse lugar para por suas larvinhas! Ricardo precaveu-se; tirou um sapato, bastante gasto nos bicos, pelas constantes lixadas nas calçadas, “pilotando” um skate velho; estava armado... com o sapato. A bichinha continuava em seus vôos de reconhecimento. Finalmente pousou grudada na janela, ao lado da cara do Ricardo, como a espreitar a presa; falsa presa. Talvez a mosquinha tivesse com preocupações mais voltadas a perpetuação da espécie, ou mesmo no fedor do chulé de meias de duas semanas. Paft! Que exagero. Totalmente esmagada! Sem nenhuma chance de defesa; não teve tempo. Elemento surpresa; letal... Mas a vida continua... minúsculas larvas, rastejavam pela vidraça da janela; foi sua última cartada; alguns sobreviventes! Asco! Nojo! Difícil acreditar no fim trágico daquelas prematuras larvas; pior seria observar – por curiosidade instintiva – o finalizar dos movimentos das larvinhas. Triste fim. Ricardo ficou pensando por que teria feito aquilo, aquela maldade. Agora já achava realmente uma tremenda maldade. Que direito de vida neste mundo teríamos nós, em relação à dita mosca?
Nenhuma. Egoísmo demais achar que perante a natureza, algo que vive tenha mais direitos que outros. A luta pela sobrevivência leva ao jugo das espécies.
O mundo é dos mais fortes, então?... Desde sempre.
A viagem continuou, Rio-Sampa, num ônibus luxo, primeira classe; a mosca estivera lá. Seria Paulista ou Carioca? A gosma viscosa na janela começou a secar e a cessar os movimentos das pobres larvinhas; não haveria sobreviventes. O nojo deixou Ricardo incomodado e o balançar do ônibus já começava a ajudar a aumentar a ânsia..., e, o primeiro aviso chegou bem de mansinho, as glândulas salivares entrando em ação e uma golfada azeda chegou-lhe à garganta muito discretamente. Aviso sério. Olhou para trás verificando se o banheiro estava ocupado e pensou logo em dirigir-se ao mesmo; deu uma olhada nos últimos movimentos das larvinhas. A golfada encheu-lhe a boca e correu ao banheiro, no corredor veio outra e a boca já não tinha tanto espaço. O ônibus balançou, a mão de apoio no encosto do ônibus escorregou, caiu em cima de uma senhora e sentou-se no chão e, lá mesmo, com mais um balanço, tornou-se uma grande larva em cima de seu líquido fétido e também viscoso.
A natureza cobrou sua dívida; barato, mas cobrou.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Não minto, mas tampouco digo a verdade.

Sempre me encantou o enigma dessa frase, palavreada pelo sétimo Imperador Romano, Tiberius Claudius Drusus Nerus Germanicus. Seu primeiro livro, intitulado Eu, Claudius, Imperador! mostra como foi um dos maiores historiadores romanos contando sua própria história e a de Roma; sem ele não saberíamos certamente de muita coisa da História Romana, como a conhecemos hoje. Ele enfatiza, que o livro é escrito por ele mesmo, afirmando ser a habilidade do seu estilo e não a do seu secretário particular. Faz veladas críticas aos "senhores" de Roma, "ou um desses analistas oficiais a quem os homens públicos contam as suas memórias na esperança de que a retórica possa suprir a pobreza do assunto e a lijonsa velar os vícios". A conclusão que o leva a expressar a lógica do título do post, foi pura e simplesmente os fatos que não admitem controvérsias, ou seja, não tem retórica. Quem ouve o lê, simplesmente se vê diante de uma mafinestação da possibilidade do finito. Encerrou, pronto. Você simplesmente lê, acha estranho, pois nosso cérebro fica enrolado nessa contraposição, simplesmente estarrecido pelo aberração de todas as possibilidades serem verdadeiras ou falsas, dependendo do que se analisa, se a falsidade ou a verdade.
Ele trata o leitor como um confidente, com quem conversava, e detalhava, que, quando lendo o livro, você era excluído dessa graça de "entender a frase" e o livro, somente a posteridade: "Desta vez, escrevo uma história confidencial. Quem são os meus confidentes, perguntareis? A posteridade. Não meus netos, nem os netos de meus netos, mas uma posteridade mais remota. E, no entanto, eu desejaria que vós, meus leitores daqui a cem gerações ou mais, eu desejaria que vós tivésseis a impressão de que estou simplesmente a conversar convosco, como um contemporâneo"; e o livro o é. Para a tal conclusão da frase, ele deu como exemplo os fatos de que, tal homem desposou tal mulher; "filha de tal outro, cujos títulos honoríficos enumero; mas nada digo das razões políticas do casamento nem das negociações de ambas as famílias nos bastidores. Ou, então, tal outro morre subitamente, após haver comido um prato de figos da África, mas não falo nem do veneno, nem daquelas a quem essa morte possa ter aproveitado, a menos que o fato seja reconhecido por um veredicto da Justiça: Não minto, mas tampouco digo a verdade, no sentido em que pretendo dizê-la agora".
Também usou para ilustrar, as sutilezas de uma antiga balada, que exaltava que as qualidades de duas frutas, uma doce e outra azeda, as melhores estavam no pomar dos Claudius; a balada coloca Appius Claudius, o Vaidoso, que pôs Roma em polvorosa, abusando de uma menina livre, de nome Virgínia (Elza Virgínia). A canção acrescenta que entre as mulheres dos Claudius há igualmente maçãs doces e azedas, mas que entre elas também as azedas predominam. Usava de irreverência para relatar a História, sua história; também foi contemporâneo de Tito Livio, seu preceptor, memorável historiador romano.
O livro é uma história que foi objeto de toda sorte de falsas interpretações, não somente por parte dos contemporâneos, mas também pelas gerações imediatas. Tanto assim, que todas as passagens de maior importância estão envolvidas em dúvida e obscuridade. De modo que, enquanto uns tomam por fatos verdadeiros as lendas mais inconsistentes, outros transformam os fatos em falsidades. E ambas as interpretações são, por sua vez, exageradas pelos pósteros. É assim que entendo a frase. fui!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Guerra de Browsers

bMicrosoft Gazelle é o nome do mais novo navegador da Microsoft que segundo rumores deverá ser mais seguro do que o próprio Internet Explorer. Então podemos imaginar que a Microsoft, deve está querendo acabar com o nome “sujo” deixado pelas 7 versões do Internet Explorer (ou quem sabe até as 8 versões), e lançar um novo navegador, para tentar apagar a imagem deixada em seu único navegador, durante tantos anos.

Era o que faltava: Num Safari, uma Raposa (firefox) caça uma gazela (Gazzele) com um rifle Cromado (Chrome) ao som de Opera sem as ameaças de um dragão (Mozilla).

Pronto!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

É a idade...

e... ela chega sem ser percebida, de mansinho, a envolver-me todo, abraçando, me alisando a cabeça, deixando-me sem pelos, sem pelo menos perguntar se gosto de pelos da cor branca ou cabeça sem pelos. Seu abraço me enruga a pele deixando-a engelhada; basta olhar meu rosto no espelho para ver as rugas provocadas pelo seu "amasso"... que delícia! Seu abraço imperceptível, embaça minha visão, colocando uma bruma, que a cada dia fica mais espessa... vai faltar-me a visão? Sua presença é tão marcante, que já não me interesso pelo carnaval, pelas peladas (ops! de bola!), mas estranhamente me acompanha aos bares! Atualmente, sempre adormece comigo, e, ao acordar e olhar outra vez o rosto no espelho, nem sei se dormi por cima dela ou ela por cima de mim... tou mesmo todo enrugado. É a idade.